quarta-feira, 5 de maio de 2010

Pequena Imensidão


Lembro-me bem do dia que a vi pela primeira vez. Seu canto embalava a imaginação e os sentimentos dos que ali estavam presentes. O tempo passou e não mais nos vimos.

Estava eu sorrindo, despretenciosamente, quando, mais uma vez, nos cruzamos. Se dos nossos olhares pudessemos enxergar a trajetória da nossa vista, certamente, neste momento, poderíamos observar uma linha perfeitamente reta, como uma régua, dos meus olhos diretamente aos seus. Não duvido que meus batimentos cardíacos, assim como minha respiração, dentre outros sinais vitais, tenham se alterado em ritmo de euforia e festa, como se eles soubessem que algo de muito bom estava por acontecer.

Numa outra ocasião, disfrutando da beleza contida na beira-mar, versamos sobre pontos de vista, gostos, aversões, interesses, inquietações, sonhos e fantasias. Inevitavelmente, nossos corpos se atraíram, nossos lábios se apresentaram em suaves toques úmidos, embalados pelo azul do mar.

A cor da sua pele me remete ao calor sadio do sol. Seus cabelos encaracolados fazem minha mente girar em piruetas alegres e festivas. Seu largo sorriso acentua minha veemência, meu ímpeto, minha vontade de ampliar os horizontes em matizes multicoloridos. Sua voz ecoa no universo dançante que existe dentro de mim. Seus olhos me dizem o que quero ouvir, pequena imensidão.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Ciclos


As palavras deste livro, que outrora me encantavam, hoje já não me surpreendem. Assim, simplesmente, fecho-o.
O acervo é infinito.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Convida-me


Convida-me a dançar, que te guiarei num baile tão leve como as nuvens e tão intenso como o fogo.
Convida-me a cantar, que buscarei a alegria dos acordes maiores, o sentimento dos acordes menores e a excentricidade dos dissonantes.
Convida-me a brincar e descobrirei como criança as maneiras mais divertidas para em seu rosto um sorriso brotar.
Convida-me a voar, pois através do canto dos pássaros, esta técnica irei dominar.
Não há mistério nesse mundo que não possamos desvendar... basta convidar!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Experiência Estética


No perfume dos jasmins, sinto sua essência, a fragrância particular da sua pele que emana este aroma típico das flores.

Seu olhar me remete a um mundo repleto de cores jamais vistas por nossos olhos, tais tonalidades habitam somente a imaginação daqueles que brincam com anjos.

A doce canção que a natureza compõe ininterruptamente convida sua voz para um concerto desprovido de métrica, onde as notas, os sons e o silêncio entram em harmonia dançante.

E assim permaneço a contemplar tamanha obra de arte, cujo autor assina seu nome como PLENITUDE!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

O Urso e a Panela


"Um grande urso, vagando pela floresta, percebeu que um acampamento estava vazio, foi até a fogueira, ardendo em brasas, e dela tirou um panelão de comida. Quando a tina já estava fora da fogueira, o urso a abraçou com toda sua força e enfiou a cabeça dentro dela, devorando tudo. Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo. Na verdade, era o calor da tina...
Ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava. O urso nunca havia experimentado aquela sensação e, então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida. Começou a urrar muito alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele apertava contra o seu corpo e mais alto ainda rugia.
Quando os caçadores chegaram ao acampamento, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a tina de comida. O urso tinha tantas queimaduras que o fizeram grudar na panela e, seu imenso corpo, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.

Moral: Em nossa vida, por muitas vezes, abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes. Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes. Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos e defendemos.
Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece salvação vai lhe dar condições de prosseguir. Tenha a coragem e a visão que o urso não teve. Tire de seu caminho tudo aquilo que faz seu coração arder.
Solte a panela!"
(Autor desconhecido)

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Crepúsculo


Minha mente encontrava-se numa tempestade de pensamentos, angústias e receios. Foi quando me ocorreu que seria oportuno dirigir-me a uma pequena praia, muito próxima de onde resido. Estava certo que seria uma forma de amainar minhas inquietações. Ao sentir meus pés tocarem a areia, ainda morna, percebi que faltava muito pouco para a claridade do sol se esvair naquele lindo e caloroso dia. Incontinenti, me atirei no mar que estava com sua água límpida e mansa. O gosto salgado estava presente entre meus lábios, que se deliciavam com o tempero marcante daquela praia tranquila e confortante. Movendo-me na água em um nado desordenado, minha visão alternava-se entre o horizonte, o céu e o fascinante mundo submerso. Os peixes dançavam em plena união harmoniosa numa coreografia improvisada, que, acredito, só era vista e sentida por mim. No entanto, se possível fosse, encantaria qualquer plateia, até a mais exigente. A esta altura restavam poucos minutos para o sol se pôr. Sem titubear subi num pequeno barco de pesca que estava ancorado e me acomodei para testemunhar o espetáculo que estava por acontecer. O astro rei se acomodava, imponente e glorioso, na linha do horizonte, como que mostrando ao mundo sua missão cumprida e seus intensos raios luminosos se espalhavam por todos os lados e direções. Os pássaros plainavam e cantavam suavemente, anunciando a chegada da primavera, que traria consigo lindas cores e agradáveis aromas. No céu, um degradê indescritível confirmava a natureza como a detentora da mais rica paleta de cores. Diante de tamanha beleza e da forte integração com o Todo, percebi que tudo aquilo que com a minha chegada me perturbava, havia se dissolvido e transformado-se na certeza de que estar vivo é, indubitavelmente, uma dádiva. E assim, por alguns momentos adormeci, com a certeza que me encontrava nos braços de um anjo.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A fada


Há muito não descrevia meus sentimentos, não os colocava no papel, mesmo porquê eles nunca serão, fidedignamente, traduzidos pelas palavras. Subitamente, surge na minha existência uma  fada,  cujas palavras me encantaram sobremaneira, apesar dela não assumir sua capacidade de exteriorizar aquilo que sente. Talvez seja um tratado de fadas, não escreverem coisas tão lindas, sentimentos tão puros. Ou, quem sabe, sejamos nós, os humanos, que não estejamos preparados ou não tenhamos sensibilidade suficiente para captar as sutilezas que elas são capazes de perceber. Um dia brinquei com ela e a perguntei o quanto me amava, ela respondeu, com voz serena, que não poderia atender tal  questionamento, pois o amor é intangível e imensurável, com proporções desconhecidas pelo homem. Eu já esperava uma resposta nesse sentido, mas a cada instante queria confirmar se ela, realmente, é uma fada e constantemente ela vem confirmando isso. Não sei ao certo qual elemental ela é de fato, anjo, fada, elfo... Mas, a forma que eu a vejo é a de fada, a minha perspectiva é essa, a minha experiência estética com relação a ela define-se assim. Talvez, os demais a vejam como um ser humano ou qualquer outra coisa, mas para mim isso é totalmente irrelevante. O interessante é que sinto uma identificação fora do comum com ela, como se eu fosse um elemental também e nós tivéssemos nos encontrado para espalhar alegria e paz pelo mundo todo. Por diversas vezes, pessoas que eu nunca tinha visto antes, me deram sinais que confirmavam essa minha suspeita, elas diziam para eu seguir com a minha missão aqui na Terra, levando a música, a arte, a alegria de viver para todos aqueles que não se permitiam esse desfrute. Realmente, seria egoísmo conhecer as belezas da vida e não compartilhá-las. No entanto, quanto mais eu as compartilho, mais inspiro felicidade superlativa. Não sei quantas pessoas mais conhecerei, quantos elementais, quantos animais, mas de uma coisa estou convicto, cada um deles é especial  e único. Quanto a ela, a fada, deixo que a ordem cósmica nos guie e nos mostre o caminho a ser seguido. Porém,  minha satisfação e alegria se prendem, com certeza, ao fato de podermos seguir de mãos dadas pela trilha do bem.

Lucas Hidalgo.